As malformações uterinas são muitas vezes assintomáticas, mas podem ser causa de dor pélvica crônica.
A malformação mulleriana (ou malformação uterina) é uma condição que afeta a anatomia do sistema reprodutor feminino, mais especificamente do útero, e que pode afetar até 8% da população geral, além de ser a causa de aproximadamente 13% dos abortamentos tardios e partos prematuros.
Suas causas estão relacionadas a alterações durante o período de desenvolvimento embrionário, sendo que, em alguns casos, a malformação mulleriana faz parte de alguma síndrome mais complexa. Essa alteração do corpo uterino pode estar acompanhada de alterações no colo uterino, vagina, tubas uterinas e sistema urinário. Essas alterações também podem ser chamadas de malformação mulleriana. Dessa forma, embora essas alterações não impeçam, de fato, uma gestação, muitas vezes estão associadas a complicações gestacionais.
Explore as opções disponíveis para lidar com a malformação mulleriana.
O que é malformação mulleriana?
O termo malformação mulleriana refere-se a anormalidades que podem ocorrer durante o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos femininos, afetando a anatomia do útero e, muitas vezes, impactando a capacidade reprodutiva da mulher. Mais especificamente, as malformações mullerianas congênitas correspondem a anormalidades decorrentes de um defeito na fusão embriológica ou por falhas na recanalização dos ductos de Müller na formação de cavidade uterina normal.
Porém, determinados casos podem permanecer assintomáticos e serem descobertos ao acaso durante algum exame de imagem, ou após a paciente já ter engravidado e apresentar alguma complicação (como restrição de crescimento intraútero, trabalho de parto prematuro ou abortamento).
Por isso, é altamente indicado que toda mulher que planeja engravidar novamente depois de uma gravidez com complicações tais como:
- Aborto de repetição;
- Trabalho de parto prematuro;
- Anormalidades na inserção placentária;
- Restrição de crescimento intrauterino;
- Apresentação fetal anômala;
- Rotura uterina.
Causas da malformação mulleriana
Atualmente, sabe-se que as causas da malformação mulleriana estão diretamente relacionadas ao processo de desenvolvimento embriológico do feto, o que ocorre por volta da 6ª semana de vida intrauterina. Ao redor da 12 a semana da vida embrionária, ocorrem fusões de tecidos e estruturas do sistema genital do feto levando à formação do útero, das tubas uterinas e dos 2/3 da parte superior da vagina, sendo que qualquer alteração nessa fase da vida pode causar alterações anatômicas.
Assim, embora não se saiba exatamente o que leva a tais alterações e à malformação mulleriana, acredita-se que a maioria dos casos esteja relacionado a:
- Fatores genéticos;
- Fatores hormonais;
- Exposição ambiental da gestante a toxinas;
- Uso de dietilestilbestrol.
Tipos de malformação mulleriana
Existem vários tipos de malformação mulleriana que podem ser classificados de acordo com a alteração anatômica do trato reprodutivo feminino. Os principais estão expostos a seguir.
Agenesia uterina
Um dos tipos mais graves de malformação mulleriana é a agenesia uterina, que é a ausência total ou parcial do útero. Além disso, quando a condição é associada a uma agenesia da vagina (geralmente da parte superior), o quadro passa a ser chamado de síndrome de Rokitansky-Kuster-Hauser, sendo comumente diagnosticado quando a adolescente procura atendimento médico por nunca ter menstruado.
Útero septado
O septo uterino é uma “parede” que se forma dentro do útero levando a uma divisão da cavidade que pode ser identificada em exames de imagem e tratada com uma ressecção histeroscópica. Assim, quando corretamente indicado, o procedimento pode reduzir as complicações obstétricas, visto que o septo é formado por um tecido fibroso que em algumas situações podem alcançar a vagina e dificultar o crescimento do bebê.
Útero bicorno
Outro tipo não tão incomum de malformação mulleriana é o útero bicorno, uma situação em que se formam dois fundos uterinos e apenas um colo. Com isso, o útero adquire um formato similar ao de um coração, que, embora não seja impedimento à fertilização, pode causar importantes complicações durante a gestação, pois dificulta a distensão uterina.
Útero didelfo
A alteração que ocorre nesse tipo de malformação faz com que o útero pareça estar divido em dois, pois além de ter um fundo uterino duplo, o colo (a saída) também é duplicado. Porém, o órgão é apenas um só, recebendo, inclusive, apenas duas tubas uterinas — uma de cada lado, normalmente. A estimativa é que esse tipo de malformação mulleriana acometa 10 mulheres a cada 200 mil e, embora a gestação possa ser bem-sucedida nessas pacientes, há riscos elevados de abortamento e de parto prematuro.
Trate e previna condições ginecológicas com a Dra. Priscila Matsuoka.
Sintomas desta condição
Os sintomas da malformação mulleriana variam conforme o tipo e a gravidade da anomalia, bem como podem estar ausentes em muitas das pacientes. Porém, a condição deve sempre ser investigada quando nenhuma outra causa mais comum puder justificar os seguintes sintomas:
- Dor pélvica;
- Dor para ter relação sexual;
- Dificuldade para ter relações sexuais;
- Irregularidades menstruais ou sangramentos anormais;
- Cólicas menstruais intensas;
- Dificuldade para engravidar;
- Abortamento recorrente;
- Abortamento tardio;
- Prematuridade inexplicada;
- Não menstruar;
- Complicações durante a gravidez.
Diagnóstico desta condição
O diagnóstico da malformação mulleriana geralmente é dado a partir de exames de imagem, sendo que os mais utilizados para esse fim são a ultrassonografia pélvica com reconstrução 3D, a ressonância magnética ou métodos ginecológicos mais específicos, como histerossalpingografia, histerossonografia e histeroscopia.
Assim, através desses exames, é possível visualizar alterações anatômicas que justificam a apresentação clínica da paciente e que representam a malformação mulleriana, permitindo ao médico calcular as distâncias entre as principais estruturas uterinas para obter, enfim, um diagnóstico mais preciso.
Tratamentos da malformação mulleriana
Em muitas das situações em que a mulher é bastante sintomática ou que não consegue chegar ao fim de uma gestação, o tratamento indicado para a malformação mulleriana pode ser a abordagem cirúrgica.
O tratamento da malformação mulleriana depende muito de cada caso, de cada paciente e de seu histórico individual, de tal forma que um ginecologista experiente deve sempre ser consultado quanto à melhor conduta.
Entre em contato com a Dra. Priscila Matsuoka.
Fontes:
Rev. Radiol. Bras