O líquen escleroso é uma condição crônica que pode impactar a vida sexual da mulher e alterar até a anatomia vulvar
Condição dermatológica crônica que afeta principalmente mulheres adultas, o líquen escleroso causa coceira intensa, dor e sensação de queimação na área afetada, podendo até mesmo causar alterações anatômicas, como fusão dos lábios vaginais e estreitamento vaginal. Ou seja, uma das consequências para a mulher é a dor durante a relação sexual, que pode se tornar menos prazerosa ou até mesmo impossível.
Assim, o tratamento adequado do líquen escleroso é essencial para aliviar os sintomas e prevenir danos a longo prazo nas áreas genital e perianal da mulher. Porém, é importante reforçar que esse tipo de lesão também pode se fazer presente em outras áreas do corpo e afetar crianças, homens e mulheres de todas as idades.
O que é líquen escleroso?
O líquen escleroso é uma condição dermatológica crônica que afeta principalmente a área genital e perianal em mulheres, podendo também ocorrer lesões extragenitais em cerca de 15% a 20% dos pacientes. Ele se expressa como placas ou manchas esbranquiçadas na pele, que se associam a outros sintomas, como:
- Prurido (coceira);
- Irritação local;
- Disúria (dor ou desconforto ao urinar);
- Dispareunia (dor durante o ato sexual);
- Desconforto anal com coceira e dor para evacuar;
- Fissuras.
A coceira é o principal sintoma e, em certas situações, pode ser tão intensa que ao coçar excessivamente formam-se feridas, fissuras e até sangramentos, tornando-se uma importante porta de entrada de infecções.
Causas do líquen escleroso
A causa exata do líquen escleroso não é totalmente compreendida, mas acredita-se que fatores genéticos, autoimunidade e desequilíbrio hormonal possam desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento. A teoria hormonal é corroborada pelo fato de que o líquen escleroso tende a predominar após a menopausa, quando ocorre uma diminuição na produção hormonal ovariana.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico do líquen escleroso deve ser feito por um médico especialista, como um dermatologista ou ginecologista caso afete as áreas genitais ou perianais. Durante a consulta, o médico faz uma análise dos sintomas e exames clínicos que ajudam a guiar a hipótese diagnóstica, sendo que em alguns casos pode ser necessário realizar uma biópsia para obter confirmação.
Líquen escleroso é perigoso?
O líquen escleroso por si só não é perigoso, mas a progressão dessa condição pode causar importantes impactos à vida sexual da mulher e sua autoestima quando não tratada. Isso ocorre porque conforme as lesões se estendem, elas podem causar uma fusão dos lábios vaginais, além de estreitar o canal vaginal, podendo até dificultar o ato de urinar da paciente.
Além disso, é importante estar atenta ao hábito de coçar a lesão do líquen, pois podem se formar fissuras que são verdadeiras portas de entrada para microrganismos infecciosos, como bactérias, vírus e fungos. Por fim, em casos moderados a graves da doença existe a recomendação de realizar biópsia local e avaliar a histopatologia das células para diferenciar e afastar lesões com potencial de progredir para neoplasias vulvares.
Mas o principal ponto é que o líquen escleroso está associado a um aumento de chance de ter câncer de vulva (carcinoma de células escamosas) por isso deve ser acompanhado com especialista.
Quais opções de tratamento?
Embora o líquen escleroso seja uma condição crônica e não tenha cura, o tratamento visa reduzir as placas, controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da mulher, o que pode ser feito com terapias tópicas, sistêmicas ou cirúrgicas.
Pomada de corticoide
O tratamento padrão do líquen escleroso é feito com pomadas de corticoide de alta potência, que devem ser devidamente prescritas pelo médico ginecologista. Esse medicamento pode ser utilizado tanto em adultos quanto em crianças e comumente apresenta resultados considerados excelentes, com a vulva voltando a ter uma aparência praticamente normal.
Tratamento com fototerapia
Embora o tratamento padrão do líquen escleroso seja feito com os corticoides de alta potência, em muitos casos a paciente pode se beneficiar do tratamento com fototerapia, principalmente quando não há sucesso com os outros métodos e as lesões são extensas. Estudos têm mostrado grande eficácia do tratamento com importante melhora das lesões e da coceira, além de melhora da textura e da pigmentação local.
Cirurgia
A cirurgia é uma opção menos comum de tratamento para o líquen escleroso, sendo indicada para melhorar as complicações inerentes da condição e suas cicatrizes, ou quando há necessidade de ressecção de uma lesão suspeita de câncer.
Agende sua consulta com a Dra. Priscila Matsuoka.
Fontes:
Miranda JA, Val ICC, Abrahão SC, Zaniboni BC, Fonseca FF, Guimarães RV, Loyola P, Velloso APM. Os três líquens: escleroso, plano e plano erosivo