O entendimento de que a endometriose é hereditária permite uma abordagem precoce com melhor manejo dos sintomas
A endometriose é uma condição médica muito prevalente entre mulheres em idade reprodutiva e que causa sintomas de grande impacto negativo na qualidade de vida dessas pacientes. Nessa condição, as células do endométrio – tecido que reveste a camada interna do útero – passam a crescer em outros locais fora desse órgão por motivos ainda não totalmente compreendidos. Porém, quanto mais se estuda essa doença, mais evidente se torna a hipótese de que a endometriose é hereditária, um conhecimento fundamental para que o diagnóstico seja antecipado e o tratamento seja efetivo.
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Características da endometriose
A endometriose pode ser explicada como uma condição causada pela presença anormal de tecido endometrial fora do útero, principalmente em outros órgãos pélvicos, como ovários e tubas uterinas (embora possa ocorrer em órgãos mais distantes, incluindo pulmões e intestino). Nesse sentido, quando essas células se replicam e crescem, elas formam lesões cicatriciais nesses locais e desencadeiam processos inflamatórios que levam a quadros extremamente dolorosos, principalmente durante a menstruação, visto que são células que respondem aos hormônios sexuais.
Assim, pacientes com endometriose geralmente queixam-se de:
- Dor abdominal intensa;
- Dor ao evacuar ou urinar;
- Desconforto ou dor durante a relação sexual;
- Cólicas menstruais fortes;
- Dificuldade para engravidar.
A endometriose é hereditária?
A questão da hereditariedade da endometriose tem sido objeto frequente de debate e pesquisa, de tal forma que diversos estudos indicam que a endometriose é hereditária sim, mas que existem inúmeras alterações genéticas que podem levar à expressão dessa condição. Ou seja, em grande parte das mulheres a endometriose é hereditária, mas cada gene “colabora” para um incremento de risco de tal forma que nem todas as pacientes com esse quadro apresentam o mesmo padrão genético.
Além disso, estima-se que as mulheres com mãe ou irmã que têm endometriose apresentam até nove vezes mais chances de desenvolver a doença. Porém, a hereditariedade não é o único fator contribuinte para o desenvolvimento da endometriose, pois as influências ambientais e hormonais também desempenham um papel significativo, principalmente quando pessoas da mesma família se expõem aos mesmos fatores externos.
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Quem tem mais chances de ter endometriose?
Embora seja possível afirmar que a endometriose é hereditária, nem todas as mulheres com histórico familiar desenvolverão a condição, pois outros elementos somam-se aos fatores genéticos, aumentando a probabilidade de uma mulher vir a ter endometriose. Assim, quem tem mais chances de ter endometriose são as pacientes com os seguintes fatores de risco:
- História familiar positiva (fator que colabora para a hipótese de que a endometriose é hereditária);
- Cirurgias ginecológicas prévias;
- Malformações uterinas;
- Menarca precoce;
- Ciclo menstrual irregular.
Importância do diagnóstico precoce da endometriose
O diagnóstico precoce da endometriose é uma medida essencial para melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas e para prevenir complicações futuras, como a infertilidade. Assim, dado que a endometriose é hereditária, as pacientes com história familiar positiva e queixas frequentes de dor pélvica associada a fluxos menstruais irregulares devem ser investigadas quanto à condição.
Além disso, mesmo no caso de pacientes sem história familiar conhecida de endometriose, é importante que o ginecologista esteja atento às queixas de dor e outros sintomas da endometriose que possam indicar o diagnóstico dessa doença, cuja complexidade muitas vezes torna-o tardio.
Entre em contato com a Dra. Priscila Matsuoka.
Fontes:
Revista da AMB