Embora frequentemente confundidas, essas condições se diferenciam pela dor, localização, causas e sintomas
Entre os transtornos que afetam a vida sexual e emocional das mulheres, vaginismo e vulvodínia são dois dos mais comuns, mas frequentemente confundidos. Ambos causam dor e desconforto na região genital, porém possuem causas e manifestações diferentes.
A seguir, conheça as causas, os sintomas e as principais diferenças entre essas condições.
Vaginismo: o que é?
Vaginismo é um distúrbio que causa contrações involuntárias nos músculos da vagina e do assoalho pélvico, resultando em dor intensa e dificultando a penetração. Isso pode dificultar também o uso de absorventes internos e a realização de exames ginecológicos. O vaginismo pode ser primário, quando a mulher nunca conseguiu realizar a penetração, ou secundário, quando surge após eventos como partos, traumas ou menopausa.
Embora as causas exatas não sejam totalmente conhecidas, fatores psicológicos e emocionais, como ansiedade, medos relacionados ao sexo, traumas ou educação sexual negativa, podem ser determinantes. Os principais sintomas são dor ou desconforto na penetração vaginal e a dificuldade para a realização de exames ginecológicos.
Vulvodínia: o que é?
A vulvodínia é uma dor crônica na vulva, que é a parte externa da vagina. Esse incômodo pode ocorrer sem qualquer estímulo externo ou pode ser desencadeado por roupas apertadas, andar de bicicleta, o toque ou a tentativa de penetração. A dor geralmente é descrita como uma sensação de ardência ou queimação, podendo durar horas ou até dias.
Entre as possíveis causas estão infecções recorrentes (como candidíase), distúrbios neurológicos (doenças como fibromialgia), condições psicológicas (como estresse pós-traumático e depressão) e até mesmo condições hormonais que afetam a lubrificação vaginal, semelhantes às que ocorrem na menopausa. Entre os sintomas, estão:
- Dor e desconforto na vulva e na região genital feminina;
- Sensibilidade aumentada ao toque;
- Irritação na área da vulva;
- Sensação de queimação na região;
- Dificuldade para ter relações sexuais;
- Dor para inserir absorventes internos ou coletores menstruais;
- Sensação de calor na área afetada;
- Pontadas ou sensação de picadas na vulva.
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Vaginismo e vulvodínia: quais as diferenças?
Vaginismo e vulvodínia são condições distintas, mas frequentemente confundidas. No vaginismo, a dor ocorre durante a tentativa de penetração vaginal, seja no sexo, ao usar absorventes internos ou durante exames ginecológicos, devido a contrações involuntárias dos músculos vaginais. Já a vulvodínia é uma dor crônica na vulva, que surge sem causa aparente e pode ser provocada com ou sem o toque.
Outra distinção entre vaginismo e vulvodínia está na localização da dor. O vaginismo afeta os músculos internos da vagina, enquanto a vulvodínia afeta a área externa, ou seja, a vulva, causando dor em regiões como o monte pubiano, clitóris, lábios maiores e menores, e ao redor da abertura vaginal.
Os sintomas também são diferentes entre os casos de vaginismo e vulvodínia. No vaginismo, a dor geralmente está associada à dificuldade ou desconforto durante a penetração vaginal. Já na vulvodínia, os sintomas incluem dor, ardor, queimação ou sensibilidade na região vulvar, que pode ser constante ou desencadeada pelo menor contato. Além disso, a dor na vulvodínia tende a ser mais persistente e duradoura.
Vaginismo e vulvodínia podem ocorrer simultaneamente?
Em alguns casos, a dor associada à vulvodínia pode levar ao desenvolvimento de vaginismo. Isso ocorre porque a dor persistente na região vulvar pode ativar uma resposta reflexa do corpo, levando à contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico. Essa contração excessiva aumenta a tensão muscular na região, dificultando a penetração vaginal e intensificando a dor.
Portanto, vaginismo e vulvodínia podem ocorrer simultaneamente. Quando isso acontece, a mulher pode sentir dor tanto na região externa, que é a vulva, quanto interna, na vagina. Quando ambos os distúrbios estão presentes, o tratamento pode ser mais complexo, pois cada condição exige uma abordagem específica.
Como essas condições são diagnosticadas?
O diagnóstico de vaginismo e vulvodínia começa com uma avaliação detalhada do histórico da paciente. No caso do vaginismo, é necessário investigar as queixas relacionadas à dor durante a penetração vaginal. O vaginismo deve ser considerado como uma possibilidade para mulheres que nunca tiveram relações sexuais sem dor ou que apresentam dificuldades com a penetração.
Já o diagnóstico da vulvodínia foca na dor crônica na vulva, sua localização, intensidade, frequência e tipo de dor, como ardor ou queimação. A médica também verifica se a dor ocorre durante atividades específicas, como o uso de roupas apertadas, e se não há causas visíveis para a dor. Exames complementares podem ser realizados para descartar outras condições, mesmo com suspeitas de vaginismo e vulvodínia.
Qual o tratamento para vaginismo e vulvodínia?
O tratamento é diferente para vaginismo e vulvodínia. No caso do vaginismo, pode ser indicado o uso de dilatadores vaginais para habituar a penetração de forma gradual e fisioterapia do assoalho pélvico para relaxar a musculatura. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) trata aspectos emocionais, como ansiedade e depressão, e a psicoterapia é indicada para casos de traumas.
Já o tratamento da vulvodínia inclui o uso de cremes anestésicos tópicos para aliviar a dor, tratamento da causa base, medicamentos para dor crônica e fisioterapia do assoalho pélvico para melhorar a função muscular. Em alguns casos, medicamentos orais, como anti-inflamatórios ou antidepressivos, também podem ser indicados para controlar a dor crônica.
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Fonte:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)