As técnicas e modalidades cirúrgicas minimamente invasivas têm amplas aplicabilidades na ginecologia e proporcionam muitos benefícios às pacientes
Nos últimos anos, temos testemunhado um avanço significativo das cirurgias minimamente invasivas em toda a medicina, incluindo a área da ginecologia. Essas técnicas inovadoras de cirurgia robótica e laparoscopia permitem realizar procedimentos cada vez mais complexos de forma cada vez menos traumática para os pacientes, proporcionando um tempo de recuperação reduzido e menor risco de complicações quando comparado às cirurgias abertas tradicionais.
Porém, são comuns as dúvidas sobre as diferenças entre cirurgia robótica e laparoscopia, visto que ambas são técnicas minimamente invasivas que permitem acessar a cavidade pélvica, abdominal ou torácica e realizar procedimentos intracavitários ou até mesmo a remoção de órgãos.
Avanço das cirurgias minimamente invasivas na ginecologia
Quando os primeiros equipamentos laparoscópicos surgiram na medicina, seu uso era restrito à ginecologia, principalmente para avaliar e diagnosticar condições da pelve. Porém, no final da década de 80, seu uso foi expandido para outras especialidades cirúrgicas, oferecendo uma série de benefícios para os pacientes, reduzindo as taxas de morbimortalidade e proporcionando melhores resultados com recuperação mais rápida e confortável.
No Brasil, quem trouxe os primeiros aparelhos de laparoscopia para o país foi o médico ginecologista Dr. Claudio Basbaum, em 1967. Atualmente, hospitais de todo o país têm investido nas tecnologias minimamente invasivas, como a cirurgia robótica e laparoscopia, pois embora os custos sejam elevados, os benefícios os superam. Inclusive, até mesmo usuários do Sistema Único de Saúde, o SUS, têm acesso a diversos procedimentos médicos realizados via laparoscopia, uma realidade que contribui para a qualidade de vida do paciente.
Assim, atualmente, os principais procedimentos ginecológicos que podem ser realizados por cirurgia robótica e laparoscopia são:
- Histerectomia, salpingooforectomia e salpingectomia;
- Miomectomia;
- Ooforoplastia;
- Dissecção ureteral;
- Linfadenectomia;
- Tratamento de endometriose;
- Cirurgia para tratamento de prolapso de cúpula vaginal.
O que é cirurgia robótica?
A cirurgia robótica é uma das mais avançadas formas de cirurgia minimamente invasiva. De fato, o nome cirurgia robótica pode ser um pouco confuso, pois a cirurgia não é realizada por um robô, e sim por uma cirurgiã(o) capacitado juntamente com uma equipe. Esta tecnologia de cirurgia assistida por robô utiliza alguns componentes específicos que aumentam a precisão do procedimento:
- Console do cirurgião: local em que o cirurgião consegue controlar os braços do robô com muita precisão e obter imagens aumentadas até 10x em 3D com alta definição;
- Carro do paciente: esta parte do sistema fica posicionada ao lado do paciente, e possui os braços robóticos, nos quais são acoplados a câmera e os instrumentais cirúrgicos que são controlados do console, pelo cirurgião – estes braços possuem um filtro de tremor que garante movimentos mais precisos e delicados;
- Carro de visão: responsável pela comunicação entre os componentes do sistema de cirurgia, possui um monitor touchscreen com controle de configurações do sistema por onde é transmitida a imagem da cirurgia para toda a equipe cirúrgica.
O que é cirurgia laparoscópica?
A cirurgia laparoscópica, também conhecida como laparoscopia, é outra técnica minimamente invasiva que permite realizar procedimentos cirúrgicos através de pequenas incisões na parede abdominal, com menor risco para o paciente e melhor recuperação pós-cirúrgica. Porém, na laparoscopia, o médico mantém-se no campo cirúrgico, ou seja, na mesa ao lado do paciente, controlando diretamente os instrumentos que não são articulados.
Assim, os exatos movimentos feitos pelo cirurgião são transmitidos ao equipamento, sem qualquer mediação de força ou precisão. Além disso, a imagem capturada pelo laparoscópio, instrumento conectado a uma câmera que é inserido na cavidade operatória, é transmitida em 2D e permite que toda a equipe médica visualize as estruturas anatômica em alta definição com menor risco de contaminação.
Diferenças entre cirurgia robótica e laparoscopia
Embora a cirurgia robótica e laparoscopia tenham o mesmo objetivo, existem também algumas diferenças.
Preparação do paciente
A preparação do paciente que se submete à cirurgia robótica e laparoscopia é a mesma, diferindo apenas a forma como ele é posicionado na sala frente aos equipamentos e instrumentos.
Tipo de equipamento utilizado
Na cirurgia robótica são utilizados equipamentos de um custo mais elevado devido à tecnologia embutida. Os braços robóticos têm mais mobilidade que a própria mão humana e possuem filtro de tremor. O sistema de cirurgia robótica assistida demanda um espaço físico muito maior e mais preparado que os equipamentos da laparoscopia. Na laparoscopia os instrumentos não são articulados e a imagem é 2D.
Número de incisões
Nas duas técnicas são feitas de 3 a 6 incisões a depender do procedimento que será realizado e dos instrumentos que ali serão inseridos.
Precisão e detalhamento das imagens
A cirurgia robótica é muito mais precisa que a laparoscopia, pois além de oferecer uma visão tridimensional, o equipamento é controlado pelo cirurgião através de um console, de tal forma que os braços robóticos reproduzem os movimentos com mais delicadeza e precisão, eliminando tremores e instabilidades. Já na laparoscopia, o cirurgião controla diretamente os instrumentos e a visão é bidimensional, ainda que seja mais precisa e ampliada do que a visão de uma cirurgia aberta.
Tempo de recuperação do paciente
Na cirurgia robótica e laparoscopia, o paciente tem um tempo de internação hospitalar e recuperação muito menor que aquele que se submete a uma cirurgia aberta, permitindo um retorno mais rápido às atividades cotidianas. Porém, no geral, a cirurgia robótica permite uma recuperação ainda mais rápida devido principalmente à precisão dos movimentos.
Entre em contato com a Dra. Priscila Matsuoka.
Fontes: