De origem orgânica ou funcional, o Sangramento Uterino Anormal pode causar anemia, cansaço e dores de cabeça
Condição ginecológica que afeta até 40% das mulheres do mundo, o Sangramento Uterino Anormal (SUA) pode ter uma enorme variedade de causas e importantes repercussões para o organismo da mulher e sua vida pessoal e psicológica. Porém, como o volume de perda sanguínea não pode ser objetivamente quantificado, o quadro clínico relatado durante a consulta com o ginecologista é instrumento guia para o diagnóstico.
O que é Sangramento Uterino Anormal (SUA)?
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) define o Sangramento Uterino Anormal (SUA) como um sangramento originado no corpo uterino de mulheres não gestantes, que apresenta anormalidades de volume, regularidade, frequência e/ou duração.
Esse quadro pode ser agudo ou crônico, estar relacionado ou não à menstruação, e levar a grandes perdas de sangue, causando anemia ferropriva e outras complicações sistêmicas decorrentes da hipovolemia.
Quais são as causas do Sangramento Uterino Anormal?
São inúmeras as situações que podem levar a um quadro de Sangramento Uterino Anormal, por isso a investigação deve incluir uma história clínica detalhada e exames de imagem que auxiliam na busca pela etiologia do quadro, a qual pode ser dividida em dois grupos principais: causas orgânicas e funcionais.
As causas orgânicas para esse tipo de sangramento incluem os pólipos uterinos, adenomiose, leiomiomas e malignidades, enquanto as causas funcionais podem ser distúrbios da coagulação, distúrbios ovulatórios, disfunções endometriais ou de causa iatrogênica – esses causados por procedimentos ginecológicos prévios como a curetagem ou uso de medicamentos, em especial os anticoagulantes.
Menstruação e sangramento uterino: como diferenciar?
A menstruação é um fenômeno que recorre em um intervalo aproximado de 24 a 38 dias, com duração limitada a no máximo 8 dias e com fluxo que pode ser intenso, mas contido com absorventes. Assim, embora cause incômodo a muitas mulheres, a menstruação, em geral, deve afetar a rotina e nem causa espanto.
Para ajudar a diferenciar a menstruação e o Sangramento Uterino Anormal é importante, também, atentar-se a estes critérios de alerta:
- Eliminação de grandes coágulos durante o sangramento;
- Sensação de desmaio, fadiga ou falta de ar;
- O sangramento impacta nas atividades diárias e altera a rotina;
- Extravasamento de sangue em menos de 2 horas utilizando um absorvente
- Sangramentos entre as menstruações;
- Sangramentos que durem mais de 9 dias;
Principais complicações causadas pelo sangramento uterino
As principais complicações causadas pelo SUA estão relacionadas à grande perda sanguínea, que pode levar a uma anemia ferropriva e consequências sistêmicas diversas, como fraqueza, dores de cabeça e fadiga excessiva. Porém, não se pode esquecer que o Sangramento Uterino Anormal tem importantes repercussões psicológicas para a paciente e sua vida cotidiana, podendo até mesmo atrapalhar as relações conjugais e interpessoais.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico do Sangramento Uterino Anormal é obtido a partir dos dados clínicos apresentados pela paciente, que relata principalmente um quadro de sangramento uterino que impacta negativamente sua vida, podendo ter sintomas associados como cólicas, dor para ter relações sexuais, tontura, desmaios etc. Assim, na vigência de um quadro clássico é preciso investigar a causa do sangramento, pois é nela que o tratamento se baseará.
Segundo a Febrasgo, o exame complementar mais importante para o diagnóstico etiológico do Sangramento Uterino Anormal é a ultrassonografia da região pélvica, mas causas mais externas, como lesões vaginais e de colo uterino, podem ser identificadas por um simples exame especular.
Caso seja preciso fazer uma investigação mais aprofundada, exames como histeroscopia (com ou sem biópsia) ou histerossonografia podem ajudar a identificar lesões intracavitárias.
Tratamentos para o SUA
O objetivo do tratamento do SUA é reduzir as repercussões para a vida e saúde da paciente, agindo na causa principal do sangramento.
Caso a origem do Sangramento Uterino Anormal seja estrutural (pólipos, adenomiose, leiomiomatose ou malignidades), o tratamento deve seguir o protocolo específico de cada uma dessas etiologias, que geralmente inclui procedimento cirúrgico para remoção do agente causador.
Já se a causa do Sangramento Uterino Anormal for por alterações orgânicas, tem-se preferência por tratamentos medicamentosos que atuam na estabilidade do endométrio, podendo ser hormonais como os progestogênios ou não hormonais, como os antinflamatórios não esteroidais ou antifibrinolíticos. Porém, em caso de falha terapêutica, o médico ginecologista pode indicar ablação endometrial ou até histerectomia nos casos mais graves.
Para saber mais, entre em contato com a Dra. Priscila Matsuoka.
Fontes: